quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Letting that go. For good.


Férias. Soa bem, não? Nas tardes e noites em que uma matéria sobre paintball, um artigo sobre a desvalorização do ombudsman ou uma penca de textos esperando para serem fichados me tiravam o sono e me mascavam o juízo, era de se esperar que eu desejasse mais que ardentemente que as tais chegassem logo. No entanto, em verdade, em verdade vos digo, eu não implorava por férias, mas por um feriado. Um daqueles feriados de quatro dias. Páscoa, Carnaval, o que fosse. Eu não queria dois meses sem pisar no campus, só quatro míseros dias fazendo absolutamente nada.

Bom, feriados, não tive. Mas agora tenho férias. Nada de prazos, nada de horários; compromissos, apenas comigo mesma e alguns livros e filmes que, jurei, ia ler e assistir até o próximo começo de aulas. O diabos é que quase estou sentindo falta de ter que fazer algo. Sabe? De dormir pensando 'OK, amanhã à tarde preciso ler o texto do Thompson e, depois, fazer uns cortes na coordenada do paintball.' No começo, preenchi meu tempo com Crepúsculo. Literalmente não conseguia largar o livro e, conseqüentemente, terminei antes do previsto. E agora?
Achei filmes meus que ainda não tinha visto. Pensei ser ótimo, ocuparia as tardes. Vi Cats. Footlose. E... E... E mais nada. Sabe-se lá por quê, foi-se a vontade de passar a tarde largada na cama de casal dos meus pais olhando para imagens na tela. Era triste, mas estava entediada. Fato.

Dia desses, tive um desejo enorme de falar, mas não sabia ao certo com quem. Diante da insana vontade de conversar com alguém, pus-me a ligar para algumas poucas pessoas - duas, na verdade - que, eu sabia, não se importariam em trocar palavras comigo.

Ironicamente, nenhum dos contactados estava disponível para falar com a minha pessoa.

Com o infalível tédio típico das férias começando a maltratar meus nervos, decidi-me por fazer algo que, geralmente, me consome largamente o tempo: revirar alguns pertences de infância meus.

Na maioria das vezes, me contento em ler diários e agendas que já não cumprem sua função. Entretanto, percebi que, ultimamente, tenho evitado fazê-lo; é um tanto dolorido admitir, mas as letras coloridas que enchem aquelas linhas e as idéias e pensamentos nelas impregnados me causam certa vergonha. Custa-me crer que aquela pessoa costumava usar a minha pele.

Exatamente o que escrevi lá, não importa - o tempo, por certo, não irá apagá-los tão cedo, e eu, por sinal, apesar de não parecer, não gostaria que ele o fizesse. Basta apenas dizer que se trata de um breve relato daquilo que preenchia a minha vida, tão comum até aqueles dias: amores platônicos que nunca se realizaram, uma ou outra indisposição com meus pais, eventuais decepções escolares, atos de supostas grandes amigas que me chateavam. Tudo tão clichê, que, ao lê-los, me sinto apenas mais uma pessoa como tantas outras por aí - idéia que abomino com todas as minhas forças. Não que eu seja a mais original das criaturas, mas uma parte de mim gosta de acreditar que tenho alguma coisa, qualidade, defeito, sonho, o que seja, que me faz ao menos um pouquinho diferente.

E, nessas de olhar coisas antigas, sejam elas da infância ou dos meses que correram nesse ano, conhecidos fantasmas voltam ao Château... Pela última vez? Não, não penso que seja a última visita. Acho, sim, que eles vão me acompanhar por tempos indefinidos, assim como tenho certeza que, mais dia, menos dia, eu e os mais arredios nos acostumaremos uns com os outros.

Finalizando, faço minhas as palavras do querido Steven Tyler: When you don't look back, I guess the feelings start to fade away. Pra quem mais, por ventura, estiver precisando, fica a dica ;)


Arriverdeci e não esqueçam de ir pela sombra ;**

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